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Teich ignora subnotificação e diz que Brasil tem ‘melhor’ desempenho na pandemia

TEICH IGNORA SUBNOTIFICAÇÃO E DIZ QUE BRASIL TEM 'MELHOR' DESEMPENHO
Ao afirmar que o Brasil é um dos países com melhor desempenho contra a covid-19, o ministro da Saúde, Nelson Teich, ignorou a larga subnotificação de casos da doença no País.
“O Brasil hoje é um dos países que melhor performa em relação a covid. Se você analisar mortos por milhão de pessoas, o número do Brasil é de 8.17. A Alemanha tem 15. A Itália 135. Espanha 255. Reino unido 90 e EUA 29”, disse Teich nesta quarta-feira, 22, em sua primeira entrevista à imprensa no cargo.
A fala desagradou gestores da saúde e técnicos do ministério ouvidos pela reportagem. Reservadamente, eles dizem que a comparação é incorreta, pois a falta de testes não permite afirmar quantos casos e mortes o País tem de fato.
Os dados apresentados por Teich de mortos por milhão são, ainda, distintos de números usados como base pelo próprio Ministério da Saúde. A Alemanha tem 63 mortos por milhão pela covid. A Itália, 415 e o Brasil, 14. Os dados de Estados brasileiros são discrepantes. Amazonas (45 por milhão), Pernambuco (24), Rio de Janeiro (23), São Paulo (23) e Ceará (22) tem coeficiente de mortalidade muito alta, segundo dados de terça-feira, 21, do Ministério da Saúde. Procurada, a pasta não informou qual foi a fonte usada pelo ministro.
Segundo boletim do Ministério da Saúde de terça-feira, 21, o Brasil registrou 366% mais hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em 2020 do que em 2019. O dado sugere um largo número de pacientes da covid-19 sem diagnóstico.
A diferença de hospitalizações nas últimas semanas é gritante, comparada ao mesmo intervalo do ano anterior. Na “semana epidemiológica 13”, que se encerra no fim de março, foram 11.797 internações em 2020 contra 1.123 em 2019. Cerca de 9 mil casos desta semana ainda estavam investigação até segunda-feira.
“Os nossos números são um dos melhores. Qual o problema da covid? Ela assusta porque acomete muito rápido o sistema. E os sistemas de saúde não são feitos para ter ociosidade. Você tem de trabalhar com eficiência máxima. Saúde é muito caro. Não dá para trabalhar com ociosidade. Os hospitais trabalham no limite. Quando tem algo que sobrecarrega o sistema, é quase impossível você conseguir se adaptar na velocidade necessária”, disse Teich.
Para o médico Julival Ribeiro, porta-voz da Sociedade Brasileira de Infectologia, comparar a performance do Brasil com outros países no combate a covid-19 exige mais testes e mais dados. O ministério promete ter em mãos 46,2 milhões de testes na crise, mas só entregou 2,5 milhões até agora aos Estados. Destes, apenas 524,3 mil são do tipo RT-PCR, usado para um diagnóstico definitivo da doença.
“Nos Estados com isolamento social a gente postergou um pouco (o crescimento de casos). Eles não vêm ocorrendo ao mesmo tempo. Mas a gente nunca viu tanta pneumonia. Será que não é covid? Mas não temos testes de diagnóstico?”, disse Ribeiro.
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