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Fumantes são mais propensos a sofrer com depressão, ansiedade e estresse

   O cigarro está ligado à sensação de bem-estar para o fumante. E essa afirmação está tão bem estabelecida, que fica difícil acreditar quando surge um estudo relacionando o cigarro a mais casos de ansiedade e depressão. E foi justamente isso que um estudo recente da University College London e da British Heart Foundation, divulgado em março de 2015 comprovou. Ao analisar 6.500, fumantes ou não fumantes, perceberam que os fumantes tinham 70% mais chances de terem esses problemas. Mas por que fumar pode estar relacionado com maior ansiedade e depressão? As explicações são por um lado científicas e vamos fazê-las em duas etapas:
-1. A nicotina se liga a receptores cerebrais relacionados à dopamina; 2. Quando há esta ligação, existe liberação de dopamina no cérebro e consequente sensação de bem estar; 3. Quando acaba o efeito da nicotina, há diminuição da liberação da dopamina, diminuição da sensação de bem estar; 4. Com a diminuição da sensação de bem estar vai ser produzida uma sensação de ansiedade em relação a mais liberação de dopamina, e isto significa fumar o próximo cigarro. Por este mecanismo podemos explicar tanto a ansiedade como a dependência causada pela nicotina presente no cigarro. Além do aspecto bioquímico exposto, existe todo o contexto comportamental do hábito adquirido.
    Existem associações que o ser humano faz com substâncias, alimentos, comportamentos e com o cigarro não é diferente. Algumas pessoas frente à ansiedade "atacam a geladeira", ou se sentem compelidos a comerem doce; outros imediatamente acendem o cigarro, como se isto diminuísse a ansiedade. Nenhum destes métodos diminui a ansiedade. Pode trazer um alívio a curtíssimo prazo, e um prejuízo enorme a médio e longo prazo.
   Para explicarmos a relação do cigarro com a depressão, voltaremos ao modelo bioquímico. Vocês se lembram daquela propaganda, que, aliás, hoje em dia é muito atual "água: sabendo usar não vai faltar...". Pois bem, o fumante vai causando um desgaste excessivo de dopamina. A cada cigarro, a cada maço fumado, são muitas reservas dessa substância que vão sendo gastas. Vai chegar um momento que a "matéria-prima" acaba. A dopamina é uma das substâncias químicas cerebrais muito importantes, entre outras funções, na depressão. A falta de dopamina pode produzir um quadro de depressão apática bastante grave.
   Relação entre cigarro e estresse: A afirmação de que o cigarro reduz o estresse também é falsa. Na verdade, ocorre o contrário. Vamos lembra que o estresse é submeter qualquer material ao seu ponto máximo de esforço ou tensão. No caso do organismo humano, diversos órgãos estão submetidos a este estado de tensão muito elevado. Um dos órgãos ou aparelhos mais prejudicados no estado de tensão é justamente o aparelho cardiovascular, pois a tensão não acomete somente os músculos, mas também as artérias. 
   Se somarmos estas artérias que já estão contraídas pela tensão advinda do estresse a uma maior contração devida à ação da nicotina, já que a nicotina é um potente vasoconstritor (contrai as artérias), vamos entender a razão de muitos fumantes estressados, inclusive jovens, apresentarem cada vez mais mortes devido a infartes cardíacos. Além disso, o cigarro prejudica a saúde mental de outras formas. De uma maneira geral, o cigarro acaba prejudicando ao longo dos anos toda a micro-irrigação cerebral, e desta forma, predispõe a uma maior possibilidade de quadros pré-demenciais e demenciais relacionados a problemas vasculares. Ainda temos prejuízos mais precoces como tontura, dor de cabeça, dificuldade de concentração, alterações do apetite, alterações do sono, irritabilidade...
    Ansiedade ao parar de fumar: Mas muitas pessoas podem evitar parar de fumar, devido a ansiedade que esse processo causa. Sim, ela existe. Mas, na realidade, ela é temporária. Uma das atitudes mais difíceis de se tomar é a de parar de fumar. A pessoa que decidiu precisa estar convicta de sua decisão, e na maioria das vezes precisará de ajuda de especialistas. Vou explicar a razão da dificuldade: quando existe a redução da nicotina no cérebro, haverá a diminuição de dopamina, e com a redução de dopamina haverá o desejo intenso de fumar para se obter mais nicotina e levar ao cérebro a sensação de bem estar. Isto gera um circulo vicioso!
    Na falta de cigarro por um tempo mais prolongado, a pessoa irá sentir sinais de abstinência e daí virá a dependência física e psíquica. Para piorar, em muitos existe um prazer real em fumar e diversas situações que são reforçadoras do hábito do cigarro: um cafezinho, após uma refeição, após uma bebida, e tantas outras. Diria que a ansiedade acompanhará todo o processo de "parar de fumar", mas a liberdade da nicotina é incomparável a essa ansiedade temporária do processo de largar o tabaco.
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