Fenômeno oficializou compra da Raposa depois de muita conversa, mas torcida não deve esperar por reforços milionários de imediato
Com a oficialização na quinta-feira (14) da compra de 90% da SAF do Cruzeiro por Ronaldo, após suas exigências serem atendidas, o ex-atacante pode enfim começar a colocar seus planos em prática. Basicamente, o de fazer uma gestão ‘austera e responsável’, como definiu em entrevista coletiva no início do ano, para equilibrar o caixa celeste e só assim começar de fato a fazer investimentos mais pesados.
O acordo seguirá o previsto: investimento de R$ 400 milhões nos próximos cinco anos, seja com recursos próprios do Fenômeno ou com receitas incrementais geradas, como vendas de atletas, direitos de televisão, premiações, bilheteria, sócio-torcedores e patrocínios.
De acordo com a lei da SAF, o clube-empresa também terá de repassar 20% de seu faturamento mensal para abatimento das dívidas da associação civil. O prazo de pagamento é de seis anos, prorrogáveis por mais quatro, se o clube quitar 60% do passivo original. O valor atual de R$ 1 bilhão pode ser reduzido mediante negociação com os credores.
Em nota divulgada pelo clube, é revelado que o acordo foi acertado na última sexta-feira (8), o que permitiu a Ronaldo pagar duas dívidas que mantinham a Raposa no transfer ban, ou seja, a proibição pela Fifa da inscrição de novos atletas contratados: $ 12 milhões ao Independiente del Valle, do Equador, pela compra do zagueiro Caicedo, em 2016; e R$ 1,1 milhão ao Atlético-AC pelo empréstimo do atacante Careca, em 2017.
Com isso, o clube celeste pôde inscrever na CBF a tempo do fechamento da janela de transferências os sete reforços contratados para a disputa da Série B: o goleiro Gabriel Mesquita, o zagueiro Zé Ivaldo, o volante Neto Moura, o meia Leonardo Pais e os atacantes Rodolfo, Rafael Silva e Henrique Luvannor.
– Seguimos mirando curto, médio e longo prazo. Temos diversas frentes com forte atuação e vejo perspectiva de um trabalho bastante difícil, mas que agora tem segurança contratual para funcionar e trazer resultados ao Cruzeiro. Me sinto honrado por poder liderar o processo de reconstrução do clube – disse Ronaldo por meio de nota oficial.
Para se tornar acionista majoritário do Cruzeiro, Ronaldo precisa realizar um aporte de R$ 50 milhões, dos quais R$ 38 milhões já foram investidos para pagamento de dívidas do clube cobradas na Fifa. Há, ainda, a necessidade de o Fenômeno elevar as receitas da SAF em R$ 350 milhões, mas não necessariamente com aportes diretos.
O Fenômeno assina a compra da SAF celeste após o conselho do clube autorizar o repasse das Tocas da Raposa I e II, os centro de treinamentos, para sua administração, em troca do pagamento da dívida tributária de cerca de R$ 180 milhões, com parcelas acima de R$ 1 milhão até 2032.
Por todos esses atenuantes, Ronaldo mantém os pés no chão quando se trata de investimentos e diz apenas que ‘não vai gastar mais do que arrecada’, por mais que o objetivo seja sair da Série B.
– A torcida, mercado e demais stakeholders podem ter certeza que não descansaremos até implementar amplamente um modelo de gestão eficiente, ético e que traga sucesso desportivo – disse o ex-atacante na nota oficial.