Por Alexandre Brochado
Foto: Joshua J. Cotten / Unsplash
Com o aumento das chuvas, o risco de disseminação da leptospirose também se torna maior. Segundo dados da Secretaria de de Saúde da Bahia (Sesab), obtidos pelo Bahia Notícias, de janeiro a março de 2022 o estado registrou 46 casos da doença, sendo que desses 4 evoluíram para óbito.
No final do ano passado, um forte temporal atingiu o Extremo Sul do estado, resultando em um cenário de ruas alagadas e pessoas desabrigadas, também impactando na saúde da população. Conforme a Sesab, somando o total de casos durante todo ano 2021, 63 pessoas tiveram leptospirose, com 17 casos resultando em óbitos.
Segundo Lucélia Magalhães, epidemiologista e coordenadora do curso de Medicina da Unesulbahia, em Eunápolis, as águas que inundam as cidades não são tratadas e não proporcionam nenhum tipo de qualidade para consumo, podendo desencadear diversas reações à pele (veja mais aqui).
“Um dos fatores de preocupação também nesse caso das enchentes é a leptospira, microorganismos em forma de cobra minúscula que perfuram a pele e podem, independente de contato com mucosa, produzir uma doença bastante grave que é a leptospirose”, destacou.
De acordo com a médica infectologista especialista em controle de infecção hospitalar e infecção em imunocomprometidos, Clarissa Cerqueira, a leptospirose é causada por uma bactéria que fica na urina dos ratos, podendo ser causa por poças deixadas por chuvas. "As pessoas que entram contato com essa água acabam entrando em contato com a leptospira que causa a leptospirose, e essa bactéria entra na pele da pessoa e penetra na pele. Quanto maior o tempo da pele em contato com essa água, maior o risco. Os sintomas são variados, podem ser desde leves até quadros bem graves, mas a doença se caracteriza mais por febre, dor no corpo e dor em panturrilhas, sintomas bem parecidos com a dengue [...] Nos casos mais graves o paciente pode evoluir para sangramentos ou disfunção renal, podendo até precisar de diálise", explica
Nos primeiros três meses de 2022, Itabuna ocupou o primeiro lugar em casos, com 46 registros de leptospirose. Salvador veio logo em seguida com 10 casos da doença. Além disso, registraram ocorrências neste ano: Gandu (4); Ilhéus (4); Jequié (4); Eunápolis (2); Feira de Santana (2); Cruz das Almas (1); Irecê (1); Itapetinga (1) e Seabra (1).
Com as chuvas, que provocam enchentes em regiões do estado, a doença volta a ser um fator de preocupação (veja aqui). Diante das inundações, a urina dos ratos, presentes em esgotos, se mistura com água da chuva e lama podendo contaminar indivíduos que entram em contato com esses materiais. Com isso, alguns cuidados devem ser tomados, como evitar o contato com essa água que pode estar contaminada.
Clarissa Cerqueira alerta que a população precisa ficar atenta e previnir a dengue, zika e chikungunya, que são doenças parecidas com a leptospirose, clinicamente falando, e evitar água parada, que são criadouros de mosquitos, quanto também o contato direto com poças e enchentes, que podem causar a leptospirose. A especialista ressalta ainda que em qualquer sinal de febre procurar uma unidade de saúde.