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A bagunça na educação de Bolsonaro


O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, em 4 de fevereiro de 2022 no Palácio do Planalto - AFP/Arquivos

A educação no Brasil nunca foi tão desrespeitada, avacalhada e desprezada quanto nesse governo. Na verdade, a educação por aqui nunca foi levada muito a sério mesmo, eu sei, mas nesses últimos anos, a coisa parece ter desandado de vez. Não faz muito tempo e eu li um texto do economista Eduardo Giannetti em que ele dizia que o futuro do Brasil não será definido nas reuniões do Conselho de Política Monetária (Copom), ou tão pouco nas profundezas do pré-sal, ou mesmo nos pregões da Bolsa de Valores; o futuro do Brasil será decidido nas milhares de salas de aulas espalhadas por esse país, afinal, sempre ouvimos os dizeres que o futuro do país está na educação.
A impressão que eu tenho hoje é de que talvez não tenhamos evoluído nada ou quase nada desde os tempos em que o Brasil começava a ser colonizado, desde os tempos em que a educação era exclusividade dos filhos dos senhores do engenho ou servia apenas para a catequização dos nossos índios e para o cabresto dos escravos. Muita gente não sabe e nunca procurou saber, mas a primeira universidade brasileira é a antiga Universidade de Manaus, hoje Universidade Federal de Manaus, criada em 1909, mais de 300 anos depois do nosso descobrimento, porque Portugal proibia que criassem universidades no país. Complicado isso.
Há quem diga que a culpa de nosso sistema educacional ser tão precário seja dos recentes governos de esquerda e que na época dos governos militares o nível da educação brasileira era melhor e blá blá blá. Falácia de quem só quer apontar o dedo para a esquerda e culpá-la por tudo o que há de errado por aqui ao invés de buscar soluções. O que eles esquecem ou fingem esquecer é que durante os governos militares a educação era restrita à elite e o pobre tinha pouco ou quase nenhum acesso à educação, a evasão escolar era altíssima e cerca de 1/3 da população brasileira era analfabeta. Quase o mesmo percentual de simpatizantes desse governo que está aí. Curioso, né?
Esta semana, o governo oficializou a saída do ministro da Educação Milton Ribeiro, o quarto titular da pasta do governo Bolsonaro. Ribeiro, por quem Bolsonaro disse que colocaria a cara no fogo, pediu exoneração uma semana após a imprensa divulgar um áudio no qual o então ministro diz liberar verbas da pasta por indicação de dois pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Milton Ribeiro estava no cargo desde julho de 2020, quando substituiu Abraham Weintraub, o boquirroto ministro que só cuidou das pautas ideológicas no ministério e que muito nos envergonhou.
A verdade é que este governo tem sido um enorme celeiro de polêmicas envolvendo a educação. Pela primeira vez na minha vida eu vi um presidente da República bater nas universidades federais brasileiras, criticar seus alunos, menosprezar seus professores de maneira tão vil. E isso porque Bolsonaro havia prometido que a educação seria prioridade na sua gestão. E na verdade tem sido, pois desde que ele assumiu o governo, a educação está na sua mira: foi alvo de cortes bilionários, motivou protestos populares, virou antro de pastores corruptos e só de ministros, já estamos indo para o quinto. Inacreditável.
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