O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez um discurso repleto de críticas ao presidente Jair Bolsonaro em resposta à campanha veiculada pela Presidência defendendo a retomada das atividades comerciais do País. “O Brasil precisa discutir quem será o fiador das mortes no Brasil”, disse Doria. O pronunciamento ocorreu durante vistoria das obras do hospital de campanha que está sendo construído no Estádio do Pacaembu.
“O Brasil pode parar para lamentar a irresponsabilidade de alguns e a morte de muitos”, disse o governador. “Não é racional fazer política com a saúde e a vida das pessoas, especialmente as mais pobres”. Ele afirmou que a recomendação pelo isolamento social vinha do próprio Ministério da Saúde e que há mais de 50 países adotando quarentena como estratégia contra a doença.
Com tom de voz ríspido, Doria disse que os R$ 4,8 milhões gastos pela União com a propaganda deveriam ter sido enviados a hospitais e que haveria dois governos: um que acertava as ações de saúde e outro que não. “O Brasil precisa de união, não de ódio, não é hora fazer política, fazer campanha, propagar ideologismos”.
No mesmo tom, pediu atenção à cidade de Milão, na Itália, que teve uma campanha há algumas semanas contrária às ações de fechamento de bares e que, ontem, se desculpou. “São 4.400 italianos mortos”, afirmou Doria, para depois dizer: “A política que mata pessoas não salva economia”.
O governador afirmou que caminhoneiros, que vêm divulgando vídeos com queixas às ações de isolamento, poderão usar os postos de pesagem nas rodovias do Estado como áreas de descanso. Também divulgou repasses para a Prefeitura de São Paulo, que montou dois hospitais de campanha.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), também rebateu Bolsonaro, que disse nesta manhã que prefeitos e governadores deveriam ser cobrados pelo pagamento de encargos trabalhistas. “Estamos mais preocupados com o artigo 121 do Código Penal, que trata de homicídio”.