BAHIA EXTRA
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"O João de Barro na história da minha vida é o símbolo da construção", diz jornalista itabunense

Jornalista Sandro Oliveira.
  Passei minha adolescência morando com minha mãe numa casa de taipa (barro) na Rua Presidente Médice no Bairro Sarinha Alcântara em Itabuna sul da Bahia, um dia cheguei na escola e fui recepcionado de forma depreciativa por certos alunos do Cento Educacional Antônio Carlos Magalhães (Atual CPM) que chamaram de joão de barro, iniciou-se naquela manhã as sessões de zombaria que persistiram por muito tempo, constrangido por ser um dos poucos a morar em tal tipo de residência senti-me humilhado publicamente e muitos riam a minha volta, era como se ficasse tonto, zonzo com as zombarias, foi algo covarde e degradante.
  O menino humilde filho de uma lavadeira e de um pai desempregado naquele momento desejava apenas que o chão abrisse... desejava o colo de sua mãe para poder chorar (sua vergonha). Daquela lembrança que trago guardada, tenho comigo a convicção de que; a realidade do indivíduo só pode ser mudada, pelo próprio indivíduo, pode até sofrer intervenções externas, se o indivíduo permitir. 
    Hoje o menino virou homem, correu o país, conhecendo cidades e estados, conheceu presidentes, hoje o menino que tornou-se homem é graduado, é jornalista profissional, músico, cerimonialista, e tem orgulho de um dia ter sido comparado ao João de Barro, um belo pássaro com uma história impar, que constrói sua vida a partir de um ninho de barro. Talvez o que te fez triste no passado, pode tornar-se a marca do seu orgulho. Morei sim numa casa de barro, nesta casa aprendi respeito, dignidade, honestidade e acima de tudo a valorização do ser humano e da vida. Agradeço a Deus pela família que tenho e pela infância que vivi, afinal de contas todas as coisas cooperaram para que me tornasse quem sou hoje. O João de Barro na história da minha vida é o símbolo da construção.
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