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Com 1.005 novos registros em 24h, Brasil tem mais de 35 mil mortes pelo coronavírus

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Depois de dois dias seguidos de recordes, o Brasil registrou 1.005 novas mortes por coronavírus na sexta (5), segundo dados do Ministério da Saúde. O total de óbitos é de 35.026.
Com 30.830 novos casos confirmados em 24 h, o Brasil chega a 645.771 casos desde o início da pandemia. O número pode ser maior, sobretudo nos casos, já que o país é um dos que tem os menores índices de testagem do mundo, limitando os exames no sistema público a casos graves e profissionais da saúde e da segurança.
Na quinta, exatos cem dias após ter sido confirmada pela primeira vez no Brasil, foram registrados 1.473 novos óbitos por Covid-19 no país — o que significa que a doença matou mais de um brasileiro a cada minuto no país.
Assim, o Brasil superou a Itália, país que simbolizou primeiro a tragédia da pandemia, tornando-se o terceiro no ranking de óbitos resultantes da doença no mundo.
Na terça (2), o Brasil havia registrado 1.262 novos óbitos e ultrapassado a marca tétrica de 30 mil óbitos desde o início da pandemia.
A divulgação dos dados sofreu atrasos pelo terceiro dia seguido. Inicialmente marcada para 19h, só ocorreu às 22h. Nesta sexta, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu o atraso da divulgação dos boletins do Ministério da Saúde e disse que, com a mudança de horário, “acabou matéria no Jornal Nacional”. Ele também se referiu à Rede Globo, que veicula o Jornal Nacional, como “TV funerária”.
A Globo divulgou uma nota sobre as declarações de Bolsonaro, lida na edição do Jornal Nacional desta sexta: “O público saberá julgar se o governo agia certo antes ou se age certo agora. Saberá se age por motivação técnica, como alega, ou se age movido por propósitos que não pode confessar mais claramente. Os espectadores da Globo podem ter certeza de uma coisa: serão informados sobre os números tão logo sejam anunciados. Porque o jornalismo da Globo corre sempre para atender o seu público”.
Após a divulgação dos dados pelo ministério, já após o fim do Jornal Nacional, o Plantão da Globo, com o apresentador William Bonner, entrou no ar durante a novela das 21h.
Ao Jornal Nacional, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que, se os atrasos persistirem, o Legislativo pretende criar um sistema próprio com as secretarias locais de saúde para garantir a publicidade dos números.
“A Câmara dos Deputados com certeza vai trabalhar com os estados e a sociedade civil. Nós temos que organizar de algum jeito as informações para a sociedade. O ideal é que o governo restabeleça isso o mais rápido possível. Espero que nos próximos dias o Ministério da Saúde compreenda que informar é fundamental para a sociedade brasileiro. Principalmente num mundo tecnológico, a gente omitir informação parece que é um erro muito grande”, afirmou Maia.
Nas últimas semanas, o Brasil, que registrou seu primeiro diagnóstico em 25 de fevereiro e a primeira morte decorrente da doença em 16 de março, foi superando um a um os países que marcaram a emergência da crise, inclusive Espanha e França, e caminha para superar também o Reino Unido.
Diferentemente dos demais países com grande numero de casos, porém, o Brasil ainda não começou a achatar a curva de disseminação da doença. Ou seja, o pico de casos, quando eles chegam a seu auge para então começar a regredir, não foi atingido, indicando que a situação vai piorar nas próximas semanas.
Esse salto ocorre em um momento em que governadores e prefeitos, pressionados pela queda abrupta na atividade econômica, começam a afrouxar restrições de isolamento social que vinham contendo parte do crescimento dos casos. Coincide também com a disseminação do discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a paralisação da atividade econômica traria consequências mais graves do que a pandemia em si, apesar dos repetidos alertas de médicos e cientistas para os riscos.
A quarentena tem sido recomendada como um meio de os estados prepararem melhor seus sistemas hospitalares para receber os doentes de Covid-19. Nesta semana, segundo levantamento feito pela Folha, ao menos cinco estados tinham mais de 90% de seus leitos de UTI para pacientes de coronavírus ocupados, o que coloca novos doentes em risco de ficarem sem vagas.
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