A crise do coronavírus já mexe com as finanças das emissoras. A Rede Bahia, afiliada da Globo com sede em Salvador, anunciou na segunda-feira (6) que vai cortar 25% dos salários de seus colaboradores, assim como suas jornadas de trabalho. Em troca, a empresa se compromete a manter os empregos de todos durante, pelo menos, 180 dias.
A decisão começa a valer a partir do dia 15 e segue o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda do Governo Federal, criado em medida provisória de 1º de abril. Para complementar a renda, os trabalhadores receberão mensalmente do governo federal um benefício correspondente a 25% do valor do seguro desemprego a que teriam direito.
Neste cenário tão adverso, no qual temos visto uma redução acelerada da atividade econômica e consequentes impactos nas nossas receitas, temos nos dedicado em buscar soluções para simultaneamente garantir o equilíbrio financeiro das operações e a preservação dos postos de trabalho", informa comunicado distribuído pela Rede Bahia a seus colaboradores, ao qual o site Notícias da TV teve acesso.
"Nos termos da medida provisória, será garantido ao colaborador a manutenção do seu emprego pelo período de vigência desta redução de 90 dias e por outros 90 dias subsequentes", continua o texto. A afiliada notifica ainda que a redução de 25% não valerá apenas para o salário-base, mas para quase todas as verbas salariais, inclusive comissões, gratificações por função, prorrogações de jornada, acúmulos de função e bônus por produtividade.
Com relação ao banco de horas, a Rede Bahia determinou que nenhum funcionário em esquema de home office poderá trabalhar além do seu expediente normal. Com relação a horas extras anteriores, a elas levarão até 18 meses para serem pagas. O comunicado da Rede Bahia a seus colaboradores não deixa claro o que acontecerá com funcionários que não aceitarem o acordo individual de redução de salário e jornada.
Apesar de essa ser uma questão no tira-dúvidas do informe distribuído, a resposta foge do assunto. "Todos os colaboradores que aderirem ao acordo terão garantia do seu emprego durante o prazo de vigência do acordo individual (90 dias) e após o encerramento do acordo com igual período de duração (90 dias)", desconversa a empresa.
Nos bastidores, há o temor de que o destino de quem não aceitar abrir mão de um quarto do salário será a demissão. "A empresa tem consciência do quanto essas ações vão impactar na vida de cada colaborador e acredita na compreensão por parte de todos, para que juntos sejam superados estes momentos difíceis", finaliza o comunicado. (Daniel Castro)