Em 2002, a Bahia registrou 924 assassinatos de jovens negros. Dez anos depois, o número foi de 3.252, o que significa um aumento de 251,9% de jovens negros assassinados no estado. Já o número de homicídios dos jovens brancos na Bahia, em 2002 foi de 75 e em 2012, chegou a 227. Um aumento de 204,8%%.
Segundo pesquisadores, os números apontados pelo Mapa da Violência 2014, divulgado no início do mês de novembro, evidenciam o genocídio da juventude negra. Para Trícia Calmon, coordenadora de Promoção da Igualdade Racial da Secretaria de Promoção a Igualdade Racial (Sepromi), órgão do governo da Bahia, poucos avanços são identificados quando se trata do crescimento da violência contra a juventude negra no país.
"Esse cenário é extremamente desafiador e eu diria que se tem um campo onde nós conseguimos pouco avanço, pouco progresso, é justamente o campo da segurança pública, da violência contra a juventude negra. Por conta disso, esse é um dos temas que mais se debate", afirma a coordenadora.
De acordo com Hamilton Borges, militante da Quilombo X, organização cultural de maioria negra que promove a campanha de combate à violência contra a população negra "Reaja ou será morta, reaja ou será morto", o volume de mortes que existe no nordeste brasileiro, sobretudo na Bahia, não tem impacto nos discursos, nas mídias, na política. Segundo o Mapa da Violência 2014, a região Nordeste quase duplicou os homicídios na década, com destaque negativo para Maranhão, Bahia e Rio Grande do Norte, onde as taxas mais que triplicam.