"Um governante assumir a sua negritude é um belo sinal que ele pode fazer para a sociedade”. Apesar da frase dita pelo deputado federal Vicentinho (PT), neste ano eleito o primeiro negro líder da bancada de um partido na Câmara na história -, dos 26 Estados do Brasil e o Distrito Federal que comemoram o dia da Consciência Negra na quinta-feira (20), em nenhum deles a população verá um governador negro discursar sobre a importância da data.
Na eleição deste ano, não houve um eleito para comandar algum dos Estados que se declarou “preto” - classificação usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) - ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apenas seis se disseram “pardos”.
“As campanhas estão cada vez mais caras e os partidos buscam candidatos que conseguem angariar recursos. Os negros, em geral, estão nas camadas mais pobres e não têm esse poder”, diz o professor da ECA/USP e coordenador do coletivo de ativistas anti-raciais Quilombação, Dennis de Oliveira, para quem o fim do financiamento das campanhas por empresas contribuiria para o equilíbrio dessa balança.